Margarida de Parma

Margarida de Parma

Pertencendo à coleção de pintura do norte da Europa da coleção Medeiros e Almeida, na Sala do Piano, uma pequena pintura apresenta-nos o retrato de uma figura feminina que se destacou na história europeia de meados do século XVI, a duquesa Margarida de Parma (1522-1586).

A pequena obra caracteriza-se pela pela iluminação intensa e pela exímia representação do detalhe que se revela no rosto severo, penteado e  tecidos, rendas, joias, que contrastando com o fundo escuro, as realça. Apesar das reduzidas dimensões, é possível vislumbrar minuciosamente a transparência do véu que cai sobre a testa e ombros da retratada, preso por diadema de pérolas, a gola de seda plissada e o colar de pérolas de dupla fiada, caindo sobre o casaco preto de veludo bordado com botões dourados.

 

Margarida de Parma

Margarida duquesa de Parma, filha ilegítima de Carlos V e de Joana de Gand, nasceu em 1522, em Oudenaarde na Bélgica e morreu em 1586 em Ortona em Itália. Reconhecida por seu pai, foi educada num ambiente de corte, pelas suas tias Margarida da Áustria e Maria da Hungria. Num acordo diplomático traçado pelo pai, casa-se pela primeira vez com Alexandre de Médicis e pela segunda com Octávio Farnésio, duque de Parma.

Nomeada em 1559 por Filipe II, seu meio-irmão, regente dos Países Baixos, exerceu o cargo (em Bruxelas) até 1567 quando foi substituída pelo duque de Alba e regressou a Itália. Voltou novamente aos Países Baixos a pedido de Filipe II para, em conjunto com o filho Alexandre de Farnésio, os governar novamente, regressando a Itália em 1583.

 

Retrato miniatura

Trata-se de um retrato miniatura inspirado numa pintura representando a duquesa de corpo inteiro, apoiando-se numa mesa como era uso nos retratos oficiais, pertencente à Gemäldegalerie de Berlim, pintado em 1562, por Antonio Moro (1519-1576).

A pintura de formato de tamanho reduzido, réplica de retratos oficiais, encomendada a retratistas de renome, é característica de um hábito diplomático consolidado, no qual retratos destinados a circular pelas cortes serviam para apresentar possíveis candidatos a casamentos, reforçando alianças entre estados. Tal, não terá sido o caso deste retrato uma vez que, à época da sua execução, Margarida teria cerca de 40 anos e era casada, por isso, a sua representação em miniatura, fará mais sentido num contexto diplomático num período em que era regente dos Países Baixos ou eventualmente mais tarde, quando se correspondia com membros do estado imperial espanhol. Não será de descartar também, o seu uso particular, uma vez que e apesar da sua ligação política e familiar com Filipe II, poucas vezes o viu, o mesmo acontecendo com o seu filho Alexandre educado na corte espanhola e por isso afastado de si, por longos períodos mas poderemos considerar as negociações do casamento do seu filho Alexandre Farnese com a Infanta Maria de Portugal em 1565.

Devido às semelhanças com o retrato já referido, a obra foi adquirida como sendo atribuída ao pintor de Utrecht Antonio Moro (1519-1576), atribuição que levanta dúvidas a merecerem estudo aprofundado. Curiosamente, o retrato encontra-se exposto junto a um outro retrato de um nobre desconhecido, que entrou na coleção como atribuído a Antonio Moro mas que foi recentemente reatribuído a Adrian Thomasz. Key (abril 2024).

 

Proveniência

De acordo com a documentação em arquivo, a pintura-miniatura pertenceu a uma colecção privada de Boston, Massachusettes, E.U.A., tendo sido levada pela família para a Europa após a morte do seu proprietário (data desconhecida).

Quando pertencia ao colecionador de Boston, a obra foi emprestada para uma exposição temporária no De Young Museum situado no Golden gate Park de São Francisco (à época conhecido como M. H. de Young Memorial Museum), sendo curador de pintura o  historiador da arte alemão Heil Walter, conservador e director do museu, e conhecido colecionador de arte europeia medieval e de século XVII.

A pintura foi adquirida pelo colecionador Medeiros e Almeida, ao antiquário de pintura londrino John Mitchell and Son Fine Paintings (8, New Bond Street, Londres), a 26 de Janeiro de 1960, por £400, estando atribuída ao pintor e retratista de Utrecht António Moro .

Já pertencendo à Fundação Medeiros e Almeida foi emprestada para a exposição “Portugal et Flandre. Visions de l’Europe (1550-1680)”, organizada no âmbito da Europalia 1991, realizada no Museu d’Art Ancien, em Bruxelas, Bélgica, entre Setembro e Dezembro de 1991. Neste âmbito,

Participou ainda na exposição “Realidade e Capricho A pintura flamenga e holandesa da Fundação Medeiros e Almeida”, que se realizou no Museu Medeiros e Almeida entre Novembro de 2008 e Maio de 2009.

Artista

Desconhecido

Ano

Meados séc. XVI

Local

Flandres (?)

Materiais

Óleo sobre madeira de carvalho

Category
Pintura Flamenga