En el Trayecto del Sol

Modernidade e Vanguardas na Pintura Dominicana

Exposição “En el Trayecto del Sol – Modernidade e Vanguardas na Pintura Dominicana”
Coleção Museu Bellapart – Santo Domingo – República Dominicana

O projeto expositivo “En el Trayecto del Sol”. Modernidade e Vanguardas na Pintura Dominicana oferece uma perspectiva da arte dominicana com as suas múltiplas transformações estéticas, que desde a segunda década do século XX, enriqueceram o discurso artístico local, entretecido de múltiplas complexidades sociais, ideológicas e culturais.

Numa visão retrospetiva, pode afirmar-se que a assunção da modernidade nas artes visuais dominicanas produz-se de maneira tardia num processo que transcorre durante as quatro primeiras décadas do século XX. Distingue-se inicialmente pela adoção dos referentes pós-impresionistas, mais do que pela assimilação das sucessivas linguagens das primeras vanguardas europeias.

Os ares da vanguarda internacional chegam à arte dominicana com a diáspora europeia que, fugindo das guerras e do nazismo, se radica no país entre 1939 -1960, provocando uma dinamização cultural inédita.

A República Dominicana assistiu a uma “atualização” do que, em matéria de arte, acontecia internacionalmente. Os artistas exilados introduziram nas primeiras gerações da nascente Escola Nacional de Belas Artes as tendências inovadoras das linguagens artísticas e das correntes vanguardistas em voga.

A produção artística das primeiras gerações de pintores dominicanos formados na Escola de Belas Artes, irrompe na vida artística nacional. Os seus pressupostos estéticos têm como referente a rica herança africana, enquanto as suas filiações ideológicas se inclinam para a causa política e social.

Com renovados enfoques, tanto formais como conceptuais, os criadores emergentes redescobrem as suas raízes, a sua geografia e identidade através da sua técnica, expressão e emoção particular. Muitos deles dedicam-se a aprofundar os conteúdos do imaginário dominicano, detendo-se em cenas profusas de colorido tropical e elementos sincréticos da religiosidade popular vernácula.

A década dos anos sessenta foi testemunha de uma arte ativista filiada intrínsecamente nos movimentos sociais reivindicativos e patrióticos, surgidos no calor da Revolução de Abril e da Intervenção Norte-americana (1965). Por sua vez, nas décadas posteriores (sessenta e oitenta) as práticas artísticas acolhem um carácter puramente estético, com grande influência na arte internacional. Em muitos casos, a filiação dos artistas às linguagens abstratas e à nova figuração expressionista juntamente com a revisão do autóctone conduziu-os a novas formas artísticas profundamente marcadas pelas nossas raízes.

Esta exposição mostra as obras de criadores que produziram a partir de um intercâmbio de experiências muito particulares, ainda que semelhantes, na necessidade de transformação e busca de novas vias expressivas. Tanto dominicanos como espanhóis olharam para o vernáculo, a partir das renovações visuais das linguagens das vanguardas dando origem a novas propostas expressivas, com as quais modificaram o panorama artístico dominicano.

Com a sua presença em solo português, a exposição “En el Trayecto del Sol”. Modernidade e Vanguardas na Pintura Dominicana, contribui notavelmente para uma maior projeção da arte dominicana e dos seus artistas, enquanto que fortalece os laços culturais, de amizade e cooperação entre os nossos povos.

Luisa Auffant
Comissária da Exposição
(ex-directora do Museu Bellapart, Santo Domingo, República Dominicana)