“Paisagem de floresta” finais séc. XVIII

“Paisagem de floresta”

 

Pintura de pequenas dimensões denominada A Wooded landscape representando paisagem de floresta com riacho e personagens numa paleta quase monocromática, de tons neutros entre verdes, dourados e castanhos.
Em primeiro plano, à esquerda adivinha-se um pequeno curso de água correndo entre árvores de grande porte com densa folhagem, na margem direita, sobre uma elevação, numa zona menos arborizada, destaca-se tronco de uma árvore morta e vegetação rasteira.

Num plano intermédio, ao centro sem grande destaque, duas figuras humanas (masculina e feminina ou adulto e criança) esquematicamente representadas, observam o correr das águas. Do lado esquerdo, uma vereda entre as árvores ilumina-se com a luz dourada do cair do dia.

O plano de fundo é preenchido por profusão de árvores de com frondosa vegetação. O céu adquire diferentes tonalidades revelando uma intensa luz de pôr de sol, que atravessa por entre as árvores em tonalidades douradas que se projectam nas orlas do riacho numa idealização bucólica da paisagem tão própria de Gainsborough.
A moldura do século XVIII em talha dourada entalhada e vazada com concheados e enrolamentos vegetalistas é coeva da pintura.

 

Proveniência:

A pintura foi  adquirida por Medeiros e Almeida ao antiquário Leggat Brothers (30, Saint James Street), Londres, em 1948, por £ 450, como sendo um original do pintor inglês do século XVIII, Thomas Gainsborough (1727-1788).
A moldura foi adquirida na época, a H. J. Spiler (37, Beak St., Regent St.), Londres, em 11 Junho de 1957, por 60£.

 

Atribuição:

Atribuída a este artista, a pintura não é assinada nem datada, deixando por isso, em aberto a sua autoria e data de realização. No âmbito do trabalho de pesquisa do seu acervo, a Casa-Museu contactou peritos de pintura inglesa do século XVIII que, em relação a esta pintura foram de opinião que se trata de um trabalho de um seguidor não identificado de T. Gainsborough, ainda de finais de setecentos, sendo pois apenas possível integrá-la no paisagismo inglês de finais do século XVIII:

 

O Gainsborough, eu acho, é de um seguidor posterior. O meu amigo Hugh Belsey, que trabalha sobre Gainsborough poderá opinar sobre esta pintura (tradução livre da autora) – “…the Gainsborough I think is by a later imitator. My friend Hugh Belsey who works on Gainsborough may be able to advise you about this picture.” Alex Kidson, The Romney Society

 

Muito obrigado pelo email com a imagem da paisagem atribuída a Gainsborough.Lamento mas este não é um trabalho autografo apesar de incluir muitos aspetos do estilo do artista, de modo que posso compreender porque é que a Leggatt terá feito a atribuição. Em 1948 existia pouco conhecimento sobre o trabalho de Gainsborough como paisagista e foi só a partir de 1982, quando John Hayes publicou o seu catálogo que o estilo neste género foi claramente definido. Existiram muitos copistas a trabalhar no final do século XVIII, o melhor deles era Thomas Barker cujo trabalho era muito similar ao de Gainsborough. No entanto, nestas circunstâncias, não me parece que esta pintura seja dele e receio, que se tiver que fazer uma descrição para catálogo, o mais que posso considerar é: “Seguidor de Thomas Gainsborough” (tradução livre da autora).”“…Many thanks for your email attaching the image of the landscape attributed to Gainsborough. I am afraid this is not an autograph work though it includes many aspects of the artist’s style, so I can appreciate why Leggatt’s would have made the attribution. In 1948 there was little understanding of Gainsborough’s work as a landscapist and it was not until 1982, when John Hayes published his catalogue, that the style in this genre was clearly defined. There were several copyists working in the late 18th century the best of them was Thomas Barker of Bath whose work could be very close to Gainsborough’s. However, in this instance I do not think this painting is by him and I am afraid if I were forced to give a catalogue description I think the closest I could consider would be “Follower of Thomas Gainsborough”. I am sorry to disappoint you.

Yours sincerely,

Dr. Hugh Belsey / Art Historian
Former Curator of Gainsborough’s House in Sudbury
Author: Thomas Gainsborough: The Portraits, Fancy Pictures and Copies After Old Masters (Paul Mellon Centre for Studies in British Art)”

 

NOTA: A Casa-Museu agradece a generosa contribuição dos historiadores da arte ingleses Hugh Belsey, autor e antigo curador da Casa de Gainsborough em Sudbury e Alex Kidson da Romney Society.

 

A pintura esteve patente na “Exposição de Arte Decorativa Inglesa” realizada na Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, em Lisboa, em Fevereiro-Março de 1958.

Integrou ainda a exposição “Companhia” do realizador Pedro Costa que teve lugar no Museu da Fundação Serralves, no Porto entre Outubro de 2018 e Janeiro de 2019: “A exposição apresentará pinturas, esculturas, desenhos, livros, poemas e documentação que revelam as fontes e as influências da linguagem poética que caracteriza a visão cinematográfica de Pedro Costa.” in: página eletrónica Serralves.

 

Maria de Lima Mayer

Casa-Museu Medeiros e Almeida

 

NOTA: A investigação é um trabalho permanentemente em curso. Caso tenha alguma informação ou queira colocar alguma questão a propósito deste texto, por favor contacte-nos através do correio eletrónico: info@casa-museumedeirosealmeida.pt

 

Bibliografia

Catálogo “Arte Decorativa Inglesa” – Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, 1958. Seção ‘Óleo’, nº 5, p.29

HAYES, John; Gainsborough: Paintings and drawings, Londres: Phaidon, 1975

Webgrafia

Casa de Gainsborough em Sudbury : http://www.gainsborough.org/

 

Artista

Artista desconhecido seguidor de Thomas Gainsborough (1727-1788)

Data

Finais séc. XVIII

Local

Inglaterra

Materiais

Óleo sobre tela

Dimensões

Alt. 47,5/30,5cm x Larg. 53,5/35,5 cm (com/sem moldura)

Category
Pintura Inglesa