Destaque Junho 2011
Taça “Aldobrandini”
Holanda (?), c.1587-1599
Prata dourada
Alt. 43cm / Diâm. prato: 35cm – base: 18,5cm / Peso: 2970gr
Holanda (?), c.1587-1599
Prata dourada
Alt. 43cm / Diâm. prato: 35cm – base: 18,5cm / Peso: 2970gr
Uma das peças emblemáticas da coleção do Museu é a chamada “Taça Aldobrandini”, uma peça de ourivesaria renascentista cujo historial dava um romance histórico…
Taça de pé alto em prata dourada, repuxada e martelada. Originalmente pertenceu a um conjunto de doze taças de aparato de cariz renascentista, feito provavelmente na Holanda, nas últimas décadas do século XVI.
Cada taça é composta por três partes principais: pé alto, prato historiado e figura ao centro a encimar o prato. A figura central, que representa cada um dos doze primeiros césares romanos (Júlio César e os seguintes onze imperadores), assenta em pequeno plinto canelado, colocado ao centro de um prato decorado com quatro reservas representando cenas da vida do respetivo césar que, por sua vez assenta em pé alto em balaústre, terminado por base circular.
O conjunto homenageia os imperadores de Roma cuja vida é contada por Caio Suetónio (c.69-122) na obra intitulada “Os Doze Césares” (De Vita Caesarum, ano 121), fonte de inspiração para a iconografia representada nas peças, também retirada de gravuras que circulavam à época em toda a Europa.
As diferentes partes montam-se por meio de parafusos (esquema anexo), um pormenor prático para o seu transporte e intervenções de manutenção e restauro, mas que originou uma grande confusão…
Surpreendentemente, as outras onze taças subsistiram às vicissitudes do mercado de arte, encontrando-se presentemente todas identificadas em museus e coleções privadas na Europa e no continente americano.
A taça do imperador Tito é o único exemplar cujas partes estão separadas sendo que a figura do imperador, que pertence a um colecionador privado, está montada num prato copiado do original no século XIX e o prato original, que existe como peça única, pertence à coleção de ourivesaria do Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa.
Não se conhece a encomenda ou o local exato da sua produção é, porém evidente que a gravação dos pratos é feita por diferentes mãos embora a conceção geral seja una e parta de uma perspetiva artístico-cultural de base maioritariamente italiana. Após um projeto que reuniu as 12 taças no museu Metropolitano de Nova Iorque para estudo e posterior exposição ao público (2017), hoje pensa-se que a sua produção (e encomenda) provenha do sul da Holanda.
Esta tipologia de taça era muito popular durante o renascimento europeu. A forma, geralmente sem a estatueta ao centro, deriva de taças destinadas a servir comida e mesmo líquidos, porém as peças de aparato destinavam-se exclusivamente à exposição e exibição como seria o caso deste conjunto. De acordo com os inventários da família Aldobrandini o conjunto foi exposto, pelo menos duas vezes, em ocasiões festivas. As suas condições de conservação impecáveis, indicam que não serviram para exibir comida.
Produção Holandesa?
A proveniência da encomenda ainda não está totalmente esclarecida. A mais antiga prova documental da existência do conjunto Aldobrandini regista-o no inventário pos-mortem do Cardeal de Roma, Pietro Aldobrandini (1571-1621) em 1603 como: “…duodici tazzone…”. O termo habitual para o conjunto de taças seria tazze mas devido ao tamanho fora de comum foram assim designadas.
Pietro, sobrinho do Papa Clemente VIII, começou a carreira em 1592 como guardião do Castelo de Santo Ângelo em Roma, no ano seguinte é eleito cardeal e, juntamente com o primo Cinzio, participa no governo pontifício. Conhecido pelas suas capacidades diplomáticas, foi responsável pela conversão do rei Henrique IV de França e pela anexação de Ferrara aos Estados Pontifícios após a morte de Afonso de Este em 1598. Ávido colecionador, o cardeal integrou nas suas coleções diversas pinturas, nomeadamente de Ticiano, provenientes do tesouro dos Este. Pietro Aldobrandini foi ainda patrono de artistas entre os quais os decoradores do seu magnífico palácio em Frascatti (herdado do tio) e o pintor Domenico Zampieri “Domenichino” (1581-1641) que pintou o retrato do seu secretário e conselheiro cultural, responsável pelo inventário de 1603, Monsenhor Giovanni Battista Agucchi (1570-1632).
Pietro Aldobrandini não terá sido, porém, o encomendante do conjunto de taças, para quem e onde foram produzidas as taças é a questão que o projeto de estudo encabeçado pelo Museu Metropolitano de Nova Iorque (MET) procurou responder.
De acordo com Julia Siemon, investigadora e conservadora à época do MET, responsável pelo projeto, o conjunto terá sido produzido no norte da Europa, concretamente no sul da Holanda, no âmbito do governo dos Habsburgos (Países Baixos). Família reinante no Sacro Império Romano, os Habsburgos validavam o seu estatuto imperial estabelecendo paralelos com o império romano, para sublinhar o facto recorriam a imagética precisamente como a que se encontra lavrada nos pratos dos césares. A família governava por toda a Europa, mas a iconografia dos baixos relevos liga as taças à produção de prata renascentista ao gosto do sul da Holanda onde, em finais do século XVI, existia uma comunidade de artistas e intelectuais capazes de produzir um conjunto desta qualidade.
O ambiente de erudição intelectual e artística que se vivia na corte Habsburgo propiciava o estudo de autores clássicos (como Suetónio), da arte e da sociedade de Roma antiga bem como a publicação de obras e de gravuras como as que inspiraram o sofisticado reportório decorativo patente nos pratos das taças. O detalhe e cuidado histórico revelado nas cenas indica que os seus autores-ourives recorreram a este tipo de fontes demonstrando o ambiente de erudição no qual foram produzidas.
Quanto à sua datação, e tendo em conta as fontes iconográficas, a investigadora aponta para uma produção não anterior a 1587-1589.
Em finais de 1590 reinava na Holanda o Arquiduque Alberto VII da Áustria (1559-1621), que foi Vice-Rei de Portugal no reinado de Filipe II (entre 1583 e 1593) e Arcebispo de Toledo (1584-1598) antes de contrair matrimónio. Por ocasião dos festejos de casamento com a sua prima Isabel Clara Eugénia (filha de Filipe II), celebrado em 1599, viajou de Bruxelas para o norte de Itália distribuindo generosos presentes pelo caminho. Vária documentação atesta este facto.
Em Itália, sabe-se que um dos anfitriões de Alberto foi o Cardeal Pietro Aldbrandini pelo que se especula que seis taças possam ter sido oferecidas pelo arquiduque ao cardeal que possuía já outras seis taças, tal como registado no seu livro de contas o qual dá conta do pagamento anterior de outras seis taças (parte deste conjunto?)…
O projeto do MET debateu-se com a falta de provas documentais que possam elucidar vários aspetos desta fabulosa encomenda. Na falta de outras provas a proposta da ligação a Alberto de Habsburgo é especulativa mas possível…
Historial:
Após estarem na posse do Cardeal Pietro A., as taças foram herdadas por Ippolito Aldobrandini o Jovem, seu sobrinho, em cujo inventário o conjunto volta a ser mencionado em 1638. Na ausência de descendência masculina, o conjunto foi herdado por Olímpia Aldobrandini (1623-1682) casada com Paolo Borghese e em segundas núpcias com Camillo Pamphili. Em 1710, quando da morte do filho de Olímpia, Giovanni-Battista Pamphili (1648-1709), as taças ainda pertenciam à família Aldobrandini-Borghese, como documenta também o inventário dos seus bens.
Existe um período no qual não existe registo documental da localização do conjunto até que este aparece em Londres, na posse de comerciantes londrinos, levantando a hipótese de ter sido adquirido em Roma, no âmbito das compras efetuadas por nobres ingleses em viagem do “Grand Tour”.
O primeiro proprietário registado em Inglaterra foi o retalhista de pratas Kensington Lewis, 22, St. James’s Street que, em 1826 anuncia o conjunto no famoso “Ackermann’s Repository of Arts”, um periódico da moda inglês descrevendo-as como: “…twelve very curious silver ornaments (…) by Benvenuto Cellini”;
Seguiram-se o ourives, joalheiro e comerciante Thomas Hamlet (1770-1853) com loja no nº1 da Princess Street, Leicester Square em Londres, que as vendeu (devido a dificuldades financeiras) a 3 de Fevereiro de 1834 a George Robins, ainda como obra de Benvenuto Cellini;
Em 1837 as taças foram adquiridas por 1.000 Gns por um Emanuel, provavelmente sócio da ourivesaria Emanuel Brothers, joalheiros vitorianos estabelecidos em Bevis Market 7, St. Mary Axe, Londres;
O conjunto terá, de seguida, estado na posse do colecionador Charles Scarisbrick (1801-1860), de Scarisbrick Hall no Lancashire, Inglaterra. Após a morte do colecionador, as taças foram vendidas em leilão da Christie’s de Londres, a 15 de Maio de 1861 (lote 159), ainda acompanhadas do livro/manuscrito original onde provavelmente estariam descritas.
Foi esta a última vez em que o conjunto de 12 taças esteve junto. Nesta ocasião, as taças foram desmontadas, provavelmente para se efetuar o douramento da prata e ao serem remontadas as figuras e os respetivos pratos não foram devidamente emparelhados pois, apesar de a estatueta ter a identificação da figura de césar na sua base, os pratos não têm qualquer tipo de informação, sendo necessário conhecer a fundo a obra que lhes deu origem para poder identificar a vida do imperador representada nas cenas em baixo relevo.
A confusão estabeleceu-se, as taças ficaram montadas com figuras e pratos trocados entre si, pelo que há exemplares em que a figura do César não corresponde à narrativa do prato. Até finais do século XIX, só as taças dos imperadores Júlio César (Madrid) e Cláudio (coleção privada) estavam corretamente montadas.
As primeiras publicações e investigações sobre o conjunto, nomeadamente o artigo de John Hayword publicado na Burlington Magazine em Outubro de 1970, despoletaram algumas trocas entre os proprietários das peças (museus e particulares). Em 1984 Medeiros e Almeida apercebe-se que o prato com a vida de Galba, correspondente à sua estatueta, se encontra numa coleção privada, a qual contactou no sentido de promover uma troca. Nesta altura, visto o seu prato estar erroneamente identificado como Tibério, as duas entidades teriam que se coordenar com o Museu de Minneapolis, no qual se encontrava a figura de Tibério. As negociações demoraram, pois o colecionador queria certificar-se que as taças estavam em estado de conservação semelhante, tendo solicitado à instituição a realização de testes. Se a troca se tivesse concretizado, a confusão teria permanecido.
No leilão de 1861, seis taças foram adquiridas pelo antiquário e colecionador Frédéric Spitzer (1815-1890): Júlio César, Otão, Vitélio, Vespasiano, Tito e Domiciano. Este conhecido negociante de arte austríaco, estabelecido em Paris em 1852, tinha também loja em Aachen onde trabalhava com o ourives (e falsário) alemão Reinhold Vasters (1827-1909) a quem terá encomendou uns pés mais elaborados, para substituir os originais (gomados), tendo-se perdido o seu rasto;
Em Junho de 1893, as seis taças do espólio Spitzer foram vendidas na leiloeira Paul Chevalier, em Paris (17 de abril e 16 de junho), lotes 1758 a 1763, acompanhadas do manuscrito original que a partir de então se perdeu pois foi vendido (lote nº 1363) na secção de numismática devido a ser decorado na capa com moedas romanas – o seu rasto também se perdeu – tratava-se de um documento que poderia elucidar sobre a encomenda do conjunto;
As 12 taças dispersaram-se tendo sido, ao longo do tempo, diversas vezes transacionadas, acabando por pertencer a colecionadores privados e a instituições museológicas por todo o mundo. É conhecido que pelo menos cinco taças pertenceram às coleções da família Rothschild, entre elas ao ramo Rothschild Lambert, fundadores do Banco Lambert na Bélgica. Foi este exemplar que foi transacionado na leiloeira Christie’s de Londres, em data desconhecida tendo posteriormente sido adquirido, também em data e ocasião desconhecidas, pela Casa Leiloeira Leiria & Nascimento Lda. (Rua da Emenda, 30-36), de Lisboa onde, por sua vez, foi adquirida por Medeiros e Almeida para a sua coleção em 1959;
Apesar das vicissitudes, as doze taças chegaram aos nossos dias num exemplo único de um conjunto de prata renascentista que mantém todos os elementos identificados e em local conhecido.
Taças: Local / Figura / Pé / (armas Aldobrandini):
1. Museu Lazaro Galdiano, Madrid, Espanha – figura e prato Júlio César, pé século XIX (c/armas)
2. The Minneapolis Institute of Arts, Minneapolis, EUA – figura Augusto, prato Tibério, pé original (c/armas)
3. Coleção privada – figura Tibério, prato Nero, pé original (s/armas)
4. Coleção Schroder, Inglaterra – figura Calígula, prato Galba, pé original (c/armas)
5. Coleção privada – figura e prato Cláudio, pé original (s/armas)
6. Coleção André von Buch, Buenos Aires, Argentina – figura Nero, prato Augusto, pé original (s/armas)
7. Casa-Museu Medeiros e Almeida, Lisboa, Portugal – figura Galba, prato Calígula, pé original (s/armas)
8. Museu Royal Ontario, Toronto, Canadá – figura e prato Otão, pé do século XIX (c/armas)
9. The Metropolitan Museum of Art, New York, EUA – figura e prato Vitélio, pé do século XIX (c/armas)
10. Coleção privada (EUA) – figura e prato Vespasiano, pé do século XIX (c/armas)
11a. Coleção André von Buch, Buenos Aires, Argentina – figura Tito e prato Tito – cópia do século XIX, pé do século XIX (c/armas)
11b. Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, Portugal – prato Tito (c/armas)
12. Victoria & Albert Museum, Londres, Inglaterra – figura e prato Domiciano, pé do século XIX (s/armas)
A taça da Casa-Museu:
A taça da Casa-Museu é composta por pé (original) de base circular e coluna decorados com caneluras e prato redondo ligeiramente abaulado com rebordo limitado por friso de escamas, apresentando quatro reservas delimitadas por grandes colunas estriadas com bases e capitéis clássicos. Este prato apresenta, ao centro, um pequeno círculo rematado por friso ovalado, erguendo-se no meio uma pequena coluna canelada como o pé e base, donde se destaca a figura de Sérvio Sulpício GALBA (4 a.C. – 69 d.C.), 7º imperador, de corpo inteiro, com a característica coroa de louros, apresentado em traje militar de gala, a mão direita aberta e esticada para a frente, a esquerda segurando a espada que passa por trás das costas, entre o manto e as vestes revelando os copos e a ponta.
O prato é decorado em baixo relevo, num minucioso trabalho repuxado e martelado, com quatro cenas da vida do Imperador CALÍGULA. Caio Júlio César Augusto Germânico (12 – 41 d.C.) também conhecido como Caio César ou Calígula foi o quarto imperador, tendo governado entre os anos de 37 e 41. Não foi um bom governante.
Na sua obra, Suetónio descreve episódios que revelam a sua crueldade, perversão sexual e mesmo insanidade, tal como a tentativa de eleger o seu cavalo preferido como oficial do governo porém, as cenas representadas no prato (tal como nos outros exemplares) apresentam comportamentos que remetem para o reforço da legitimidade, popularidade e da sucessão dinástica bem como façanhas militares do imperador numa validação do seu nome.
As cenas encontram-se numeradas na orla interior do bordo escamado de 1 a 4. Quando o espetador aborda o prato, a sua leitura é fora do comum, pois as quatro cenas são orientadas para o centro da taça e não se encontram dispostas nas mais habituais faixas concêntricas utilizadas à época. A lógica subjacente relaciona-se com uma estética de cariz realista, própria dos países do norte da Europa, já que as cenas se dispõem de modo a serem “contempladas” pela figura do imperador que se ergue ao centro do prato:
• Cena 1 – Campo de batalha onde se opõem quatro legiões dispostas nas típicas formações retangulares de legionários, em fundo de paisagem com pequeno rio e casario. Ao centro o imperador é transportado numa biga. Depois da morte do imperador Augusto em 14 d.C. os soldados romanos organizam uma revolta. Calígula, ainda criança, presente no campo de batalha, é retirado para sua segurança. Ao testemunharem a sua retirada, os soldados arrependem-se e acabam a rebelião;
• Cena 2 – Uma personagem coroada e seu séquito estão prostrados perante o imperador que está rodeado pela sua guarda. A dividir a cena um rio e o campo inimigo com um crescente. Artabano da Pérsia, antigo inimigo de Roma, atravessou o Eufrates de barco vindo estabelecer amizade com o novo imperador Calígula (37 d.C.) ajoelhando-se em homenagem perante o governador provincial e os símbolos militares de Roma;
• Cena 3 – Em fundo cercado por arquitetura de muralha com torreões, uma arcada e um templo (indicando um local público) uma grande multidão cerca um pódio. Calígula, sentado num trono sobre o pódio engalanado, manda atirar moedas ao seu povo, prática comum no seu governo;
• Cena 4 – Cena representando o imperador a cavalo, antecedido e precedido por um cortejo, atravessando uma ponte. Num mar tumultuoso são figurados monstros marinhos. Em fundo, uma cidade muralhada com torre circular de entrada. De acordo com um astrólogo da época o imperador Calígula tinha tanta hipótese de ser eleito como de atravessar a baía de Nápoles a cavalo. Após a sua eleição em 37, o imperador mandou construir uma ponte de barcas com cerca de 3 km, que ligava as localidades de Baia e Puteoli através da baía de Nápoles, tendo-a atravessado no seu cavalo;
Marcas:
Em 2014, este fascinante grupo de ourivesaria quinhentista foi estudado no âmbito de um projeto interdisciplinar coordenado pelo Museu Metropolitano de Arte de Nova Iorque (Aldobrandini Tazze Research Project), o qual muito enriqueceu o conhecimento sobre as peças sem, porém, ter encontrado respostas definitivas para as questões que se colocavam aos investigadores: o respons´vel da encomenda do conjunto, o local de produção, a sua autoria e em que âmbito aparece na posse de Pietro Aldobrandini.
O catálogo da exposição do Metropolitan Museum of Art, coordenado pela investigadora e curadora da exposição, Julia Siemon, responde a estas questões com a elaboração de uma hipótese pois não se encontrou documentação decisiva.
No âmbito do projeto realizou-se um simpósio (2016) e uma exposição temporária – The Silver Caesars A Renaissance Mystery – no referido museu nova iorquino (2017), exposição que depois viajou para o solar da família Rothschild, hoje National Trust, Waddesdon Manor (2018), em Aylesbury perto de Londres, consagrando assim o conjunto e a sua intricada história.
Exposição THE MET, Nova Iorque – https://www.metmuseum.org/exhibitions/listings/2017/silver-caesars
Exposição WADDESDON MANOR, Londres – https://waddesdon.org.uk/whats-on/silver-caesars-exhibition/
Ainda decorrente deste projeto, no qual se procedeu à correta identificação das cenas representadas nas taças, e constatando-se que o prato da Casa-Museu representa cenas da vida do imperador Calígula e não do imperador Tibério como estava até então atribuído, iniciaram-se conversações com um colecionador privado, o qual detém a taça com a figura de Calígula e a vida do imperador Galba, de modo a proceder à troca das figuras (por escolha de ambos os colecionadores), repondo assim um erro ocorrido no século XIX, apenas cometido por ignorância.
Após aprovação pelos membros do Conselho de Administração da Fundação Medeiros e Almeida e ultrapassados os devidos processos legais, a troca de figuras terá lugar em 2020, ficando a Casa-Museu com a taça que representa a figura e cenas da vida do imperador Calígula.
À conversa com Julia Siemon e Mary Beard – Parte 1
À conversa com Julia Siemon e Mary Beard – Parte 2
Proveniência:
A taça foi adquirida por Medeiros e Almeida na leiloeira Leiria & Nascimento Lda. (Rua da Emenda, 30-36) em Lisboa, a 30 de setembro de 1959, por 160.000$00. Desconhece-se como a peça terá chegado a Lisboa.
À época a peça vinha identificada como representando a figura do imperador Galba e a vida do imperador Tibério.
John Hayward (1970) um dos autores a abordar este tema, descreve as taças como constituindo o mais importante conjunto de ourivesaria europeia do século XVI: “They constitute the most impressive single monument of Italian and perhaps of European goldsmith’s work of the sixtheenth century”.
Maria de Lima Mayer
Casa-Museu Medeiros e Almeida
Nota: A investigação é um trabalho permanentemente em curso. Caso tenha alguma informação ou queira colocar alguma questão a propósito deste texto, por favor contacte-nos através do correio eletrónico: info@casa-museumedeirosealmeida.pt
Bibliografia:
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Hackenbroch, Yvonne; “The Emperor Tazzas“, The Metropolitan Museum of Art Bulletin, vol VIII, no.7, March 1950
Came, Richard; “Silver“, Milan: Pleasures and Treasures, 1961
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“Kensington Lewis”, in: Connoisseur, 1975
Hayward, John F.; “Virtuoso Goldsmiths and the triumph of manneirism 1540-1620”, Rizzoli Int. Sotheby Parke Bernet, 1976
Hernmarck, Carl; “The Art of the European Silversmith 1430-1830“, Sotheby Parke Bernet, 1977
“Os Descobrimentos Portugueses e a Europa Do Renascimento“, XVII Exposição Europeia de Arte Ciência e Cultura, Arte Antiga II, Lisboa, 1983
Young, Mahori Sharp; “The Schroder Silver”, in: Appollo, November 1983
Valdovinos, José Manuel Cruz; “Introducción a la colección de plateria del Museo Lázaro Galdiano“, in: Goya, nr. 193-195, Madrid, 1986
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Catálogo Sotheby’s London “The Aldobrandini Tazzas“, 1996
Catálogo Christie’s London, Highly Important Silver, July 2002
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Webgrafia:
THE MET, Nova Iorque – https://www.metmuseum.org/exhibitions/listings/2017/silver-caesars
WADDESDON MANOR, Londres – https://waddesdon.org.uk/whats-on/silver-caesars-exhibition/
Desconhecido
c. 1587-1599
Holanda (?)
Prata dourada
Alt. 43cm / Diâm. prato: 35cm - base: 18,5cm / Peso: 2970gr